Mente Dispersa

Fragmentos de ideias. Paixões.
Curiosidades ou banalidades. Sem pretensões.


terça-feira, dezembro 13, 2005

Eu associo diferentes emoções a períodos distintos da minha vida. O que eu era e sentia em 2003 (por exemplo) distancia-se um pouco do que sou neste exacto momento. E se por um acaso, sinto um cheiro marcante do passado, um barulho ou música que presenciei em outros tempos, algo dentro de mim reproduz as emoções e o estado de espírito desse período, fazendo com que todos os problemas e questões que me preocupam actualmente, percam a sua importância numa linha temporal mais alargada de experiências vividas. É um truque que uso, pois frequentemente a minha memória e as minhas emoções guardadas mais presentes são as de um espaço de um ano. Assim sempre que pretendo analisar uma situação de um ponto de vista mais racional, procuro um cheiro, cor, fotografia ou som que me faça sentir numa outra época com outros conceitos e pontos de vista enterrados na minha psique. E por isso que também designo certos estados de espíritos pelo ano em que esses estados mais foram marcantes. O ano de 95 corresponde à minha confiança e idealismo exacerbados, o ano de 2002 para a desilusão e impotência, o ano de 92 para o sofrimento causado por uma perda, o ano de 89 para a descoberta de uma vocação, e assim por adiante. O nosso cérebro é, talvez, o único veiculo pelo qual poderemos desafiar as leis de Física, e assim dessa forma, viajar por entre as nossas recordações, percepções flexíveis de uma realidade objectiva, mas distante da nossa total compreensão.