Mente Dispersa

Fragmentos de ideias. Paixões.
Curiosidades ou banalidades. Sem pretensões.


sexta-feira, dezembro 31, 2004

Boas Entradas!

Feliz Ano Novo de 2005!

quinta-feira, dezembro 30, 2004

derreado, derrotado, desiludido
o cansaço conquista o corpo
os problemas invadem a cabeça
o nevoeiro da melancolia turva a lucidez
o orgulho dá lugar à sufocante solidão
e a alegria perde-se no olhar vazio
prostro-me como um vencido
na tristeza de ter perdido a fé
exilado da minha felicidade
tombado no chão de asa partida
caído

no silêncio contemplo as estrelas
na calmaria o corpo recupera
e o forte cintilar de uma estrela
fere a vista despertando sonhos

a melancolia dissipa-se na esperança
que alimenta as fornalhas da motivação
o coração acelera o seu ritmo
o torpor afasta-se do corpo
que se ergue lenta
mas firmemente

solidão que perde o seu sentido
guerreiro que recupera o orgulho
e a coragem de arrepiar caminho
sem medo de enfrentar os demónios
na estrada traçada pelo destino

sozinho sempre tombei,
e do chão voltarei a erguer-me
para sempre numa dança infernal
com a sombra do meu ser

terça-feira, dezembro 28, 2004

Memórias Perdidas: O canto da ninfa das águas.


Perdido na fronteira dos sonhos encontra-se um mundo povoado por criaturas improváveis e entidades fabulosas, tão antigas quanto a imaginação do Homem. Um oceano de fantasia recortado por continentes onde a Humanidade vive por entre reinos, mitos e lendas, bestas e deuses. E algures nesse mundo, no topo de uma torre de cristal, assumo-me como um guardião que contempla as pequenas estórias que decorrem para lá da reclusão do meu exílio, onde anoto, escrevo e completo a Narração das Memórias Perdidas.


Sentado num velho banco de madeira, o Velho Elias agita a cana com uma das extremidades sobre o chão, riscando contornos e desenhando formas, despertando vozes de espanto e admiração entre os meninos que passarinhavam à volta dele. "Vó Lias, o dragão era assim tão grande? Vó Lias, conta como foi que o monstro devorou a sua perna! É verdade que matou o dragão só com um balde, Vó?..."


O chinfrim das crianças é interrompido quando se ouve uma voz firme. "Ancião, que Ialonus perdoe a minha intrusão!", disse a figura que sai da estrada para se aproximar do grupo. Alto e de semblante temerário, no entanto sem esconder a jovem idade e a óbvia falta de experiência. Alguém doutrinado na arte da aventura ocultaria sempre a bainha da espada sob a capa, evitando assim a curiosidade e cobiça de bandidos ou o desafio inesperado de algum dos duelistas que calcorreiam as velhas estradas. Os olhos do Velho passam rapidamente sobre o jovem de tez clara e olhos azuis, e o ancião sorrindo, pega no cachimbo e responde: "Sim, meu rapaz, aproxima-te.."


-"Desculpe.. apenas pretendo saber se sigo no caminho certo. Quero chegar até à estrada do Leste.."

-"Para as terras selvagens, rapaz?" e o velho leva novamente o cachimbo à boca.. "Pretendes alcançar à Planície Sem Fim?

NOTA: O comment ainda não foi acabado. Apenas publiquei-o para aguçar um pouco a curiosidade.. :)

sexta-feira, dezembro 24, 2004

Feliz Natal!

quinta-feira, dezembro 23, 2004

Pergunto-me..

se esta é uma hora decente para um rapaz sério e trabalhador ir dormir! Não me admira que depois passe o dia seguinte a contemplar o ecrã do computador como um zombi!

quarta-feira, dezembro 22, 2004

amigo

amigo, que tens?
porque estás assim?

não penses mais
levanta a cabeça
olha em frente
ao que há-de vir

amigo, chora
mas não sofras
foge de tudo
mas não te percas

de longe
estarei atento
pronto para de perto
te dar um abraço

ergue-te pois és único
brilhante e imprescindível
amigo, não abandones
a tua esperança

ultrapassa o obstáculo
por cima, apoiado sobre mim
ou à volta, ao meu lado
sozinho se assim quiseres

serei uma ancôra
um suporte, um abrigo
o que tu desejares
pois nada te cobrarei

amigo

terça-feira, dezembro 21, 2004

ser

viver gostar crescer chorar
odiar construir julgar fugir
morrer viajar tremer conquistar
acordar curtir gritar dormir

amar sonhar odiar julgar

ser

Hoje fui apanhado pela maré da melancolia e deixei-me arrastar.. quem sabe se um dia vou parar a uma praia mais bonita..

domingo, dezembro 19, 2004

Memórias Perdidas: Uma carta de Chulluam para Elka-or


Perdido na fronteira dos sonhos encontra-se um mundo povoado por criaturas improváveis e entidades fabulosas, tão antigas quanto a imaginação do Homem. Um oceano de fantasia recortado por continentes onde a Humanidade vive por entre reinos, mitos e lendas, bestas e deuses. E algures nesse mundo, no topo de uma torre de cristal, assumo-me como um guardião que contempla as pequenas estórias que decorrem para lá da reclusão do meu exílio, onde anoto, escrevo e completo a Narração das Memórias Perdidas.


Para Elka-or, Mestre da Academia de Eldor


Prezado Mestre,

Passaram-se alguns dias desde que a expedição desembarcou no ponto onde a nossa vela poderia navegar sem perigo, a norte da terra dos clãs. A partir do momento em que contornamos o extremo norte da Espinha o rio Eldor estreitou-se, tornando-se num sério obstáculo à navegação. Acabamos aportar ao largo de uma curva suave do rio que permitiu o desembarque em segurança. Aliás, todos os barcos que não descarregam as mercadorias mais abaixo no posto de troca dos clãs acabam, eventualmente, por terem de parar algures por aqui.


Foi necessário tal artifício visto que os clãs recusam a passagem pelo seu território a todos os ocidentais. Segundo Kalim, o novo e desafortunado líder da nossa expedição, os clãs temem que mais algum grupo desapareça misteriosamente para lá das suas terras. Temem represálias dos reinos Ocidentais, e estão dispostos a tentar resolver o mistério pelos seus próprios meios. Não os censuro, suponho que não apreciariam ver os seus planaltos a tremerem sobre o pesado marchar dos exércitos ocidentais. E é o que acontecerá se os reis descobrirem que perderam o controlo das suas feitorias.


Amanhã iniciaremos a nossa caminhada em direcção à Marca, para alcançarmos a estrada das feitorias e tentarmos encontrar o pequeno contigente do Exército Prateado que avançou à nossa frente semanas antes. Com esta carta ficarei com apenas mais um pombo-correio o qual só enviarei ao chegar à primeira feitoria. Grande admiração sinto pela força destes mensageiros alados nas suas longas viagens. Um dia agradecerei pessoalmente ao Velho Enae-or pelo seu zelo no treino de animais tão maravilhosos!


Seu fiel discípulo,
Chulluam.

Um pequeno reparo para o leitor deste humilde guardião. A Marca fora forjada pela vontade dos reis ocidentais em assegurarem um caminho livre de perigos e banditagem. Até ao distante reino peninsular do norte, uma pequena ilha de civilização por entre o frio inóspito das nortadas, segue um longo caminho pejado dos mais vís perigos. As cinco feitorias dispôem-se ao longo de uma velha estrada que sobe em direção às terras geladas do nordeste, e oferece aconchego na alma e no corpo para os seus viajantes. A Marca também é conhecida como o Eixo que liga a segurança relativa das colinas dos clãs a sudeste, com as promessas no nordeste, de riquezas e mercadorias exóticas. Em cada feitoria existe um bravo corpo de soldados, oriundos das terras ocidentais. Homens bravos prontos a defender a Marca contra ladrões, oportunistas, bárbaros e umas estranhas e violentas criaturas que habitam na vastidão das terras desconhecidas a sul.

Notícia de última hora!


O Grande Otário conhecido por Filipe perdeu o seu cartão de débito algures por entre a sua casa e Leça do Bailio. Segundo as nossas fontes, o detentor do cartão desapareceu por uns momentos para se autoflagelar pelo acto incrivelmente estúpido de perder um pedaço de plástico da sua carteira, com o qual não pode fazer o seu dia-a-dia!

Hoje o meu estômago sente-se...

...assim!

Arghh.. esta última semana tem sido implacável para o meu rico estômago. Desde que comecei a comer coisas boas ainda não parei! Certo dia comecei com uma lasanha caseira, uns rissóizinhos de um recheio cremoso de camarão, um bacalhau assado com maionese divinal, uma deliciosa torta de noz, mais o queijinho francês que recebi de presente, a pizza caseira com muito molho de tomate, um pudim de laranja que aprendi a confecionar, um tradicional cozido à portuguesa com muuiiita carne, costoletinhas de porco grelhadas (chlep!), presunto e salpicão de Trás-os-Montes, um vinho tinto do Alentejo, a francesinha especial acompanhada de um fino, pizza familiar à bolonhesa, outra de atum e ainda mais outra à portuguesa, outro fino, um bolo de chocolate (yam!!), gelado até mais não, polvo à Lagareiro regado com muito azeite, um vinho branco que me deixou corado, e novamente pudim de laranja! E ainda não cheguei ao Natal.. aiaiai.. com aquele bacalhau com natas prometido pela minha mãe, mais o polvo cozido, o farrapo velho, o perú recheado, a canjinha de galinha e o arroz de cabidela de um galo caseiro de minha avó.. e.. e.. aquele queijo da Serra mesmo a pedir para que se derreta na minha língua, fazendo-me salivar num assombroso prazer orgiástico.. AAAHHHHHHH!!!!! Desculpem-me.. não me contive!

Mãezinha, porque me fazes sofrer tanto???

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Xô! Xô, melancolia!

No meu baú de memórias, lá bem no fundo, existe uma recordação tremendamente útil para o meu ser. É a melodia de uma música que ouvia frequentemente quando criança, e que ficou-me impressa como a papel quimico se tratasse.Lembro-me da música não pela letra (que na altura era-me incompreensível), mas pela a voz e guitarra que acompanhava o ritmo. E quando sou desassossegado por alguma tristeza ou melancolia, puxo dessa memória e regresso nas emoções até quando era petiz em que vivia sem preocupação alguma. Só mesmo para enxotar a melancolia para longe!

terça-feira, dezembro 14, 2004

Memórias Perdidas: A solidão do aventuroso.


Perdido na fronteira dos sonhos encontra-se um mundo povoado por criaturas improváveis e entidades fabulosas, tão antigas quanto a imaginação do Homem. Um oceano de fantasia recortado por continentes onde a Humanidade vive por entre reinos, mitos e lendas, bestas e deuses. E algures nesse mundo, no topo de uma torre de cristal, assumo-me como um guardião que contempla as pequenas estórias que decorrem para lá da reclusão do meu exílio, onde anoto, escrevo e completo a Narração das Memórias Perdidas.



A Humanidade sempre floresceu no mais pequeno continente deste mundo; mas não em toda a vastidão dessa massa de terra. As características amenas das zonas costeiras contrastam com as condições inóspitas do interior, onde a Natureza nunca foi parca na forma de exibir o seu poder. Montanhas imensas, longos rios, florestas densas e outros acidentes geográficos sempre mantiveram os Homens restringidos ao conforto das terras temperadas pelo mar que rodeia a ilha-continente. No interior, uma cordilheira conhecida como a "Espinha" rasga violentamente a terra, da qual se erguem montanhas e rochedos afiados e salpicados pelo branco da neve, desde das regiões sententrionais até às terras quentes do sul do continente. E na face ocidental da cadeia montanhosa extende-se uma vasta planície, a qual os seus habitantes sempre a designaram por Planície Sem Fim, e que marca a fronteira da civilização e de tudo o que o Homem conhece. Do último marco dos reinos limítrofes até às encostas agrestes da "Espinha", são necessários longos dias de caminhada, por entre o manto de feno silvestre, dourado pelo Sol, calcorreando trilhos que serpenteiam por entre pequenas elevações e manchas florestais e pequenos pomares. Por aqui também vive o Homem, espalhado pela planície em número reduzido, de cultura e ritual animista, contemplando ao longe o contorno agreste da cordilheira, que sempre amedrontou o homem educado e citadino do ocidente.



Nem sempre o Sol estende o seu calor pela planície. Nos meses frios, a natureza fenece e as cores vivas esbatem-se em tons de cinzento e castanho. E o tempo transforma-se, fazendo tombar uma cortina cerrada de aguaceiro, pintando um quadro soturno. E é num descampado que encontramos uma figura desabrigada caminhando a passo certo, mas conformado com as condições inóspitas do tempo. A chuva cai desalmadamente até que, tal como havia começado, termina abruptamente, e uma nuvem caridosa afasta-se para deixar passar uma nesga de luz. Raios luminosos tombam sobre esta figura, um homem que decide parar e sentar-se sobre uma rocha para se aquecer. Ao seu lado pousa o equipamento que carregou, e estende a capa que o cobriu da chuva. Sobre as roupas de linho veste uma armadura de couro entrelaçada cujas marcas e vincos são testemunhas da sua finalidade: aparar golpes de lâmina. É um aventureiro como muitos que vagueiam por estas terras em busca de riquezas, fama e glória. Mas algo distingue esta personagem dos outros espadachins, o modo calmo de ser e o olhar melancôlico que carrega na face.



O brilho do ouro e as canções escritas pelos bardos das grandes cidades para glorificar os feitos de heróis nunca o cativaram. Ele sempre procurou a emoção, e aventurou-se no desconhecido onde não sente medo, sendo hábil na espada e destemido nos actos, seja enfrentanto o negrume de uma masmorra abandonada ou confrontanto um adversário aterrador. E maior prazer não achou aquele que não fosse a própria companhia nas longas caminhadas, em que explora a natureza e onde caça e dorme. Não se importa com o destino que escolheu, e os conhecimentos que adquiriu em criança permitem-lhe ver o verdadeiro valor dos objectos que os outros aventureiros ignoram nas suas demandas. São muitos os sábios das terras ocidentais que recorrem ao jovem para recuperar textos, mapas, velhas relíquias e outros artigos profanos das criptas e ruínas de antigas civilizações. É uma vida preenchida e rica em experiências que completa o coração de qualquer aventuroso, mas neste dia uma disposição triste abateu-se sobre o jovem.



Sente a falta de algo, como se estivesse predestinado a isso e não soubesse do que se trata. Como um barco perdido numa tempestade. Mas ele também já se perdera na imensidão deste território e sempre encontrou o caminho para a calmaria. Seriam as saudades dos tempos em que habitou por entre os homens do ocidente e se acostumou ao ambiente movimentado da cidade e de suas pessoas, das recordações que guarda da Academia de Sábios e da família que o havia adoptado? O jovem vira-se para Oeste e acredita vislumbrar ao longe os limites do Reino de Ephidor que segue ao longo do Rio Eldor, no qual numa pequena curva penetra para o interior da pequena nação, onde mais à frente está a cidade dos Homens, de mesmo nome do rio, e a mais próxima da Planície Sem Fim. O herói recorda-se do movimento frenético no enorme porto fluvial e dos barcos que navegavam a montante do rio, para nordeste atravessando a planície Sem Fim até às feitorias nas terra dos Clãs, ou os que navegavam para jusante levando carga e matéria prima para a capital de Ephidor, e até mesmo para além, para os reinos costeiros. Mas as memórias de Phir, a capital, trazem ao de cima os motivos porque o jovem se afastou do mundo dos Homens: as intrigas palacianas, as rivalidades entre duques e príncipes e principalmente, as injustiças cometidas sobre os mais fracos pelos mais poderosos e de quem deveria ter o ónus de os proteger. E no seio de tanta gente, sempre se sentia sozinho e nada existia que o prendesse naquele mundo



O herói recua mais nas suas memórias e, desta vez, vira o olhar para nordeste na direcção de uns planaltos onde passou a infância. As recordações são esbatidas, sobre momentos bucólicos da vida de pastores e camponeses livres, e de um tio, ou pelo menos era assim que o lembrava, esse alguém que era um grande caçador e caminhante, e que num dia marcante para o nosso aventureiro, o levou para observar ao longe uma criatura tão imponente como um leão e magnífica como uma águia; um grifo. E o caçador afirmou, "que não existe nada mais reconfortante do que apreciar a natureza tal como ela é". Mas o aventureiro rapidamente baixa os olhos, nada daquilo já perdura, nem pastores, nem caçadores e muito menos os grifos. Memórias mais recentes e dolorosas são afastadas, quando ele reflecte no que seriam as terras que nunca havia visitado. A norte habitam homens fortes e orgulhosos talhados pelo clima frio e a quem o Homem civilizado os rotulou de bárbaros. Mais distantes ficam as cidades dos sulistas imigrados de um continente quente, com os palácios e as suas torres e minaretes a erguerem-se sobre o manto branco das casas. Ou então mais a sudeste, para lá de uma muralha imperial tão antiga quanto o mais velho reino ocidental, onde se escondem em templos e cidades magníficas, os Antigos, povo que colonizou os povos do Ocidente.



Finalmente restou ao jovem contemplar a direcção que lhe restava: o leste. Acreditava que era ali que se encontrava o seu maior apelo, para além da cordilheira e das suas montanhas majestosas e imponentes, que se alinham numa fileira de um exército de gigantes prontos para varrer a terra até ao mar ocidental. Soldados de rocha guardando atrás de si terras desconhecidas no qual os registos da civilização não anotavam humano algum que as tivesse atravessado. Mas essa crónicas contavam estórias sobre gnomos e fadas, gigantes e animais falantes, e até mesmo dragões; do solo pisado por deuses e semi-deuses e as suas cortes de criaturas mitológicas; do lar de seres arcanos e entidades divinas tão antigas como o continente que pisam; e cidades de cristal e povos iluminados pelo seu conhecimento e cultura. E tudo isto cativava e partia o coração do jovem aventureiro. Um empreendimento destes seria muito exigente e, caso conseguisse atravessar a Espinha, não haveria garantias de saber o caminho de volta, ou até mesmo, se desejaria retornar. Teria de abandonar tudo o que lhe era familiar, e demandar sozinho por entre as escarpas rasgadas da cordilheira. E essa é melancolia que sente quando reflecte neste apelo. Que um dia se aventurará sozinho em busca do seu destino.



Os pensamentos do aventureiros são interrompidos quando a breve pausa iluminada pelos raios de sol termina após uma nuvem escura cobrir o círculo dourado no céu, que recupera rapidamente os tons de cinzento. "Uma borrasca se aproxima.." reflecte o jovem agora preocupado em encontrar um abrigo, ainda para mais que voltou a sentir dor numa ferida aberta no antebraço direito, golpeado por uma armadilha dias antes quando se aventurou na tumba de um velho feiticeiro. "Espero que não degenere numa maleita.." reflectiu. Afinal tratava-se do seu braço de armas, e apesar de também ser hábil com o braço esquerdo no manejo da lâmina, não queria ver-se em desvantagem num combate que pudesse ocorrer proximamente. "Só espero que não tenha sido a caveira decrépita daquele feiticeiro quem parecia rir-se por último", sorriu o aventureiro! Ele volta a virar-se para Oeste e inicia uma nova caminhada por entre os planaltos ephidorianos. "Só me resta alcançar a segurança dos limites da floresta de Eldor, lá encontrarei velhos amigos" referindo-se aos lenhadores e caçadores que vivem em aldeias e abrigos entre a floresta e a fronteira.



Horas depois de passar o marco fronteiriço, e quando a noite se abatia sobre todo o continente, uma chuva cerrada cai impetuosamente e fustiga o aventureiro que se apressa a procurar um abrigo; encontra-se encharcado e a sua capa já de nada serve para proteção, e a floresta ainda está a uma hora de caminhada. Subitamente, um cintilar de uma luz ao longe prende-lhe a atenção. Ele pára e tenta percrustar o horizonte por entre o gotejar violento da tempestade. Volta a vislumbar uma luz trémula e, num ápice, abandona a trilha caminhando nessa direcção, e à medida que se aproxima, a sombra perfilada de uma casa desenha-se sob a chuva. E de uma das janelas ainda é possível ver a luz trémula que se apaga subitamente. O jovem pára.. Ele tomou conhecimento da trilha pelos seus amigos caçadores, e não se recorda de alguma vez eles lhe terem referido este casarão, sombrio e aparentemente abandonado não fosse pela chama trémula de uma vela ou lanterna. A chuva cerra-se cada vez mais, e o jovem encharcado e cujo os olhos brilham de preocupação, decide procurar abrigo na mansão. Instintivamente, leva a sua mão esquerda a agarrar o punho da sua espada...

segunda-feira, dezembro 13, 2004

"Se" de Rudyard Kipling

És Um HOMEM, Se...

Se és capaz de conservar o teu bom senso e a calma,
Quando os outros os perdem, e te acusam disso,

Se és capaz de confiar em ti, quando te ti duvidam
E, no entanto, perdoares que duvidem,

Se és capaz de esperar, sem perderes a esperança
E não caluniares os que te caluniam,

Se és capaz de sonhar, sem que o sonho te domine,
E pensar, sem reduzir o pensamento a vício,

Se és capaz de enfrentar o Triunfo e o Desastre,
Sem fazer distinção entre estes dois impostores,

Se és capaz de ouvir a verdade que disseste,
Transformada por canalhas em armadilhas aos tolos,

Se és capaz de ver destruído o ideal da vida inteira
E construí-lo outra vez com ferramentas gastas,

Se és capaz de arriscar todos os teus haveres
Num lance corajoso, alheio ao resultado,
E perder e começar de novo o teu caminho,
Sem que ouça um suspiro quem seguir ao teu lado,

Se és capaz de forçar os teus músculos e nervos
E fazê-los servir se já quase não servem,
Sustentando-te a ti, quando nada em ti resta,
A não ser a vontade que diz: Enfrenta!

Se és capaz de falar ao povo e ficar digno
Ou de passear com reis conservando-te o mesmo,

Se não pode abalar-te amigo ou inimigo
E não sofrem decepção os que contam contigo,

Se podes preencher todo minuto que passa
Com sessenta segundos de tarefa acertada,

Se assim fores, meu filho, a Terra será tua,
Será teu tudo que nela existe

E não receies que te o tomem,

Mas (ainda melhor que tudo isto)
Se assim fores, serás um HOMEM.

Rudyard Kipling

Hoje sinto-me...

...espectacular!

domingo, dezembro 12, 2004

...

sábado, dezembro 11, 2004

Acabaram-se as minhas mini-férias!

Foram curtas mas produtivas. Tudo parece encaminhado. O meu masterplan continua em execução! Há que manter a minha disciplina para não me distrair. Ou não fosse eu signo de Sagitário, contaram-me. Não que eu acredite (muito) nessas coisas, mas a imagem altiva da representação mitológica do centauro sempre me fascinou. Meio homem e meio cavalo, um nômade que percorre a planície de forma impetuosa. Dotado de força bruta e selvagem, e da perspicácia de um ser inteligente, que não deve lealdade a rei ou a nação. Uma criatura independente que se completa pela forma como explora e encara os desafios apresentados pelo mundo, e possuíndo uma compaixão própria de alguém que transcedeu a sua própria condição (a de homem e a de cavalo). Não fosse também o nome Filipe derivar do grego, e que significa uma grande afinidade com a natureza e com a actividade física, sendo capaz de se adaptar a novas situações, para além do grande amor que nutre pelos cavalos. Não sei se fui destinado a ser desta maneira, mas uma coisa é certa, sempre quis ter um cavalo como aquele que cavalgava naquela série que dava na TV, nos meus tempos de infância: "Black Stallion", alguém se lembra??

terça-feira, dezembro 07, 2004

Um dia abato a minha televisão!

Deprimente. Uma experiência assustadora. Hoje em dia, ver televisão para me manter informado é sinónimo de estupidificação (nem sei se a palavra existe, será sinal que já comecei a ficar idiota?). Entre as notícias do sagrado mundo do futebol, e as macacadas dos nossos políticos, já pouco espaço resta pra informação útil. Sobram-me apenas os canais temáticos. Nunca me cansei de ver documentários, a sério! Uma vez assisti a um sobre o comportamento dos chimpazés, nomeadamente, a luta pelo poder no grupo social em que o macaco se insere. Daí a ter escrito nas "macacadas dos políticos". Já repararam como eles "coçam" as costas uns dos outros?

Bah! Bem sei que acordei um pouco cínico.. amanhã já passa!

sábado, dezembro 04, 2004

Hoje sinto-me...

...bem!

sexta-feira, dezembro 03, 2004

Castelos de cartas

As ilusões que habitam dentro da nossa mente são como castelos de cartas, lentamente e meticulosamente construídos, para que num breve instante, um abanão da realidade os derrube completamente.

Provérbio Árabe

Quem tem medo da própria sombra esperará meio-dia para se levantar.

quinta-feira, dezembro 02, 2004

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,

Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes

que não tinha entrado na história.
-
Carlos Drummond de Andrade

ps: Este poema li-o quando andava no liceu. Só mais tarde associei-o a Drummond de Andrade.

Procrastination.

"There is a greater force in the universe than greed: procrastination." - autor desconhecido.

É o que repito a mim mesmo todos os dias...

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Perfeição.

"La perfection est atteinte non quand il ne reste rien à ajouter, mais quand il ne reste rien à enlever." - Antoine de Saint-Exupery

Defeito?

Como pude julgar tão precipitadamente um traço do meu carácter? Nasci assim ou pelo menos, cresci e amadureci com essa maneira de ser. Porquê um defeito? Talvez por me achar obrigado a não ser tão inconformado, tão insaciável, tão incansável na procura de algo que nunca fui capaz de definir. Afinal são tantos que possuem aquela serenidade e tranquilidade nas suas vidas. Minha fraqueza? Talvez... Mas agora não importa, tenho de continuar sempre!

Mente Dispersa...

Sempre tive um defeito. Sou um ser disperso na minha própria vida. São tantos os interesses, as paixões, as perguntas, as actividades, que acabo por perder-me nesse labirinto de emoções. Não que me queixe particularmente disso. Sei que já passaram-me ao lado oportunidades por não focalizar um objectivo concreto, mas em nada lamento. Só não posso parar. Não conheço o meu destino, apenas que devo continuar sempre em frente. E é o que este blog vai ser: uma sequência de ideias soltas sem um objectivo em mente.